top of page

"PRÓLOGO"

 

A nossa história em terras brasileiras começa no ano de 1888, quando "MICHELE" (pronuncia-se "MIQUÉLE") MORETTO, sua esposa GIUDITTA (diga-se “JUDITE”) MANTOVAN e os seus três filhos: CARLO, ROMANO e GREGÓRIO percorreram a bordo de um trem, aproximadamente 400 quilômetros do leste ao oeste italiano em 3 dias.

Este trem percorria “comune” após “comune” embarcando mais e mais famílias ao longo do percurso, tornando-os todos imigrantes.

De Cavarzere na região de Veneza, a Gênova na região da Ligúria a nossa família viajou, e ao embarcar para o Brasil a bordo do navio a vapor denominado “PACIFICA”, deixou sua pátria e suas origens embrenhando-se em terras brasileiras através do porto de Santos no estado de São Paulo na data de "21 de novembro" do mesmo ano.

Assim como todos os demais que enxergavam na “Mérica” (como diziam com seu dialeto) a chance de viver e proporcionar dias prósperos e melhores para suas famílias, Michele, a esposa e os filhos, carregaram consigo os poucos pertences que possuíam e lançaram-se ao desconhecido enfrentando todo o tipo de situação.

Não temos informações suficientes para contar ou até mesmo afirmar como a nossa família enfrentou os quase 30 dias de viagem em alto mar percorridos entre Itália e Brasil, porém, devemos respeitar toda a história contada pelos descendentes desses e dos outros corajosos, não importando se experimentaram de mais ou de menos os tormentos do percurso, pois, só o fato de ter que deixar o seu pais de origem, a sua vida, os seus hábitos e costumes e toda a sua gente, diga-se de passagem, já é considerado um grande sofrimento.

Michele Moretto e Giuditta Mantovan aqui, trabalharam nas lavouras de café do interior paulista como faziam quase todos os imigrantes provenientes daquela região italiana.

Aos poucos a família foi se adaptando aos hábitos e costumes do povo brasileiro.

Mas não foi tão fácil essa adaptação não!

A vigorosa propaganda na Itália das terras prósperas e riquezas minerais abundantes existentes aqui no Brasil, iludiam os italianos principalmente os mais pobres e humildes.

Apesar de não ser muito divulgado, o sistema imposto aqui no Brasil para esses imigrantes foi o "colonato", ou seja, um sistema que importava mão de obra estrangeira, em sua maioria imigrantes europeus para trabalhar nas grandes fazendas de café.

Ocorria da seguinte maneira. As famílias imigrantes assinavam um contrato onde recebiam um adiantamento e em troca, concordavam em cuidar de um determinado número de pés de café. Porém, ao fim do contrato, os colonos, que recebiam um pagamento mínimo, teriam de pagar juros sobre o adiantamento, gerando uma dívida que os prendiam às fazendas.

Relato de maus tratos para com os colonos, queima de documentos que dificultavam qualquer retorno para o pais de origem, abuso sexual e de autoridade por parte dos fazendeiros, também faziam parte da “escravidão branca” imposta aos imigrantes.

O serviço na roça era pesado, volumoso e cansativo, principalmente na época de colheita.

A “xenofobia” (medo de estrangeiros) agravava a situação impondo punição a aqueles que não sabiam falar o português, proibindo o dialeto italiano sob pena de prisão.

"Salvo-condutos" foram emitidos em larga escala para os imigrantes assegurando o livre deslocamento assistido pelo território nacional durante a segunda guerra mundial.

O Brasil sendo o Brasil desde sempre, com os seus governantes sempre tentando ser os mais espertalhões e se aproveitando dos problemas alheios deixaram escapar notícias de que a realidade não era bem aquela que havia vendido anos antes para os italianos.

Os problemas com os “oriundi” começaram a ecoar na Itália, resultando na intervenção do governo italiano devido aos relatos de maus tratos para com os seus compatriotas.

A partir deste momento, a imigração começou a retroceder.

Concluímos que não é difícil imaginar as consequências morais que essas situações todas, trouxeram na época para os nossos familiares e todo o povo imigrante, pois, além das dificuldades praticas que todo o processo imigratório produziu entre os imigrantes marginalizados, os mesmos tinham suas vozes silenciadas.

Embora todos esses problemas, os filhos de Michele e Giuditta cresceram, casaram e tiveram filhos que por sua vez geraram novos descendentes aumentando e multiplicando os Morettos, vindos do Vêneto.

"HOSPEDARIA"

 

Os italianos chegavam em massa ao Brasil!

Estima-se que cerca de 1,5 milhões se deslocaram para cá durante todo o período imigratório.

O estado de São Paulo, foi de longe o que recebeu a maior parte. Números aproximados dão conta de cerca de um milhão e duzentos mil deste montante.

Para se ter uma idéia da grandiosidade do fato, só no ano de 1888 a capital paulista recebeu pouco mais de 22 mil registros apenas de “chefes de família” italianos, sem contar mulher, filhos e demais parentes e familiares que o acompanhavam.

Navios a vapor atracavam semanas após semanas nos portos do sudeste brasileiro, mas no porto de Santos a incidência era bem maior.

Chegando no porto santista, nossos antepassados deram entrada no centro imigratório do local.

Após permanência breve na cidade portuária, uma composição férrea puxada por uma locomotiva a vapor conhecida por “trem do imigrante”, levou-os até a “HOSPEDARIA DO IMIGRANTE”, e que ainda existe localizada no bairro do Brás no centro da capital do Estado de São Paulo.

A contagem "anual" de imigrantes até aquele momento chegava ao incrível número de 137.289 pessoas cadastradas.

A quarentena era exigida, e por lá passaram todo esse período recebendo cuidados médicos e alimentação.

Durante essa estadia preventiva, os “oriundi” (assim chamados os imigrantes italianos) recebiam visita de representantes dos fazendeiros com os quais negociavam o trabalho na roça.

"SANTA EUDÓXIA"

   ..."FAZENDA OLIVEIRA / DR. ALFREDO ELLIS"...

Informação contida no campo "DESTINO / DIFINITIVO" registrado na página nº 128 do livro nº 15 da hospedaria do imigrante como fonte de serviço e destino da família Moretto aqui no Brasil.

A Fazenda Oliveira ao qual é referido no livro, situava-se em Santa Eudóxia, então distrito de São Carlos no interior paulista e que antes era apenas um povoado mas que dispunha em suas terras de uma das maiores, se não a maior e mais importante fazenda de café do Brasil.

A Cia. CUNHA BUENO & ELLIS era pertencente a VISCONDE DE CUNHA BUENO e seu genro, DR. ALFREDO ELLIS então senador do estado na época.

Maior produtora de café "tipo exportação", era famosa e reconhecida inclusive pelo império britânico (Inglaterra) pela qualidade do produto beneficiado.

Não sabemos ao certo se realmente nossos antepassados trabalharam nesta fazenda, ou qualquer outra naquele local, pois ainda não encontramos quaisquer documentos que comprovassem tal permanência deles na região.

Essa parte da nossa história ainda é pura especulação e resenhada através de deduções.

É uma lacuna ainda não preenchida!

Por se tratar de eventos muito antigos, talvez seja difícil saber se eles foram empregados ou não da Fazenda Oliveira, no entanto, a única filha do casal Michele e Giuditta nasce no ano de 1893 apenas cinco anos após o desembarque deles, no município de Jaú, também no interior do estado de São Paulo, afastado 110 quilômetros de São Carlos.

Isso nos leva a crer em uma primeira hipótese, que o casal tenha ficado pouco tempo em Santa Eudóxia mudando-se para Jaú.

A segunda hipótese, e a mais contundente, é que tenham se dirigido diretamente para a região de Jaú, mais precisamente para o povoado pertencente a sua comarca chamado BICA DE PEDRA (atual município de Itapuí) trabalhando nas lavouras de café no BAIRRO DO CAMPINHO.

É a partir desse ponto que a nossa história em terras brasileiras começa de verdade!

HISTÓRIA DO DISTRITO DE SANTA EUDÓXIA

 

Tudo começou às margens do córrego Itararé, onde se estabeleceram indígenas e posseiros que vinha tentar a sorte no interior do país.

No centro deste povoado surgiu a capela de São Sebastião, que emprestou o nome ao vilarejo, inicialmente chamado de São Sebastião do Itararé e, depois, São Sebastião do Quilombo, por conta da Sesmaria do Quilombo, da qual as terras do atual distrito fazem parte.

O Distrito de Santa Eudóxia só passou a existir de fato, a partir de 1933; antes disso, em 1899, o local passou a Distrito Policial e, em 1912, a Distrito da Paz.

A região cresceu de forma significativa a partir da segunda metade do século XIX com a chegada do café. A fazenda foi adquirida por Francisco da Cunha Bueno e recebeu o nome de Santa Eudóxia em homenagem à memória de sua finada esposa, morta por envenenamento.

Em alguns anos, Santa Eudóxia despontou como maior produtora de café da região, entre o final do século XIX e começo do século XX.Santa Eudóxia alcançou marcas significativas na produção de café: em 1897 a fazenda produziu 60.000 arrobas, voltando a conquistar essa marca em 1899. Para ilustrar a dimensão da produção, em 1905 a fazenda possuía um milhão de pés de café, passando a ter em 1916, 1.271 milhão de pés.

Até 1884, a produção era escoada pelo rio Mogi-Guaçu até Porto Ferreira, onde a ferrovia já havia chegado. Logo depois, a ferrovia também chegou a São Carlos e a produção passou a ser transportada por lá.

Finalmente, em 1892, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro inaugurou o ramal de Santa Eudóxia.

Na última década do século XIX, o povoado do distrito ganhou um novo impulso com a chegada de famílias de São Carlos que fugiam da Epidemia de Febre Amarela que acometeu a cidade. Um dos resultados dessa migração foi a construção da Igreja de Santa Eudóxia, financiada por vários fazendeiros de São Carlos.

A população do distrito é formada principalmente por descendentes de imigrantes europeus, que vieram trabalhar nas fazendas de café da região, servindo também como mão-de-obra na construção das obras nas fazendas.

A construção do complexo da sede de Santa Eudóxia, por exemplo, só foi concluída em 1874.

Hoje, a população de Santa Eudóxia é de aproximadamente três mil pessoas, sendo predominantes as atividades rurais.

A tranqüilidade local e a riqueza natural têm atraído muitos turistas. O local conta também com várias fazendas históricas do período cafeeiro, entre elas, a Fazenda Grande (Fazenda Santa Eudóxia), tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) e a Fazenda Figueira Branca. Ambas ainda não se encontram abertas ao público, mas possuem potencialidades para o desenvolvimento de atividades ligadas ao turismo histórico.

 

fonte: www.saocarlos.sp.gov.br

Leia mais em: acervosantaeudoxia.blogspot.com.br

"BICA DE PEDRA"

Esse "povoado" que pertencia a comarca de Jaú, é citado em quase todos os documentos encontrados através das nossas pesquisas nas paróquias dessa região.

O "Bairro do Campinho" serviu como endereço para a família, muito provavelmente em alguma fazenda, cujo nome ainda não descobrimos mas que esta sendo alvo de nossa procura no momento.

Nascimentos, matrimônios, óbitos... 

Durante 40 anos (aproximadamente) a família Moretto viveu em seus arredores.

Entre 1898 quando Carlo Moretto contrai núpcias, e meados da década de 1930, quando Romano Moretto muda-se com os filhos para o Bairro da Floresta (atual município de Boracéia) e Gregório Moretto parte com a família para Soturna (hoje, município de Arealva), a história da nossa família concentra-se em Bica de Pedra.

O matrimônio dos quatro filhos do nosso patriarca Michele Moretto, foram realizados ali.

O nascimento de muitos de nossos antepassados também.

Giuditta Mantovan, nossa matriarca, encontra-se sepultada lá assim como o próprio Michele, nosso antepassado imigrante.

Histórias descobertas recentemente graças a nossa persistência!

No documento original de óbito de Michele registrado em cartório, descreve o endereço de sua residência já mais próxima do centro do povoado, deixando a área rural do então município.

Decididamente, Bica de Pedra ou o atual município de Itapuí foi o berço da nossa família nos primeiros anos aqui no Brasil.

"SERTÃOZINHO"

Antigo bairro/fazenda próximo as margens do rio Tietê e que pertencia ao município de "Bocayuva", atual Macatuba.

Por volta dos anos 1900 - 1910 parte de suas terras, foram colocadas a venda.

Famílias italianas vindas da região do Vêneto (em sua maioria) já se concentravam em terras próximas as margens do rio, como nos povoados de Bica de Pedra e Mineiros do Tietê. 

Dessa forma, os moradores dessas cercanias também passaram a adquirir terras próximas as margens do "Córrego Laranja Azeda" e "Água do Falcão", assim Carlo Moretto, comprou suas primeiras terras dividindo vizinhança com outros italianos como: os "Bufalo", os "Murari", os "Vertuan", os "Momesso", os "Fadoni", os "Foltran", além dos "Seco de Carvalho", dos "Pontes" (portugueses), dos "Alves Pereira" (de origem portuguesa vindos do estado de Minas Gerais) e dos "Toledo Arruda".

O bairro/fazenda possuía além de escola para as crianças, uma famosa "venda de secos e molhados" (mercado).

Descrição das terras:

 

#1 - Sitio rural com 10 alqueires de terras encravados na Fazenda Bela Vista. Fazia fronteira com Antonio Foltran, Pedro Murari e Toledo Arruda & Cia (antes era da família Prado).

Neste sítio ficava o casarão, sede da família, 3 casas para os colonos, 1 casa para a máquina de beneficiar café com 2 tulhas, 2 salões grandes e cômodo para motor, curral, paiol, chiqueiro, mangueirão, galinheiro, terreiro ladrilhado, bomba d´agua, 8.000 pés de café e a capela. Foi adquirida por volta de 1910. 

#2 - Sítio rural com 41 alqueires, denominada também Fazenda Bela Vista, confrontando-se com Lázaro Pires de Oliveira, Salvador Mariano Pontes, João Momesso, Carlos Fadoni, Córrego Água do Falcão e Rio Tietê, contendo 3 casas de tijolos e 1 de madeira, curral, mangueirão, 28.000 pés de café. Foi adquirida por volta de 1922.

Esboço dos imóveis e benfeitorias da propriedade #1

Site desenvolvido por:

ADRIANO MORETO CORCIOLI

© 2000 - 2017

Inicio 13/07/2017

Todos os textos, fotos, ilustrações e outros elementos contidos neste website estão protegidos pela lei.

bottom of page